terça-feira, 31 de dezembro de 2013

“O Hobbit, Uma análise Desolada”

Ficha Técnica:

Elenco: Martin Freeman, Ian McKellen, Bill Nighy, James Nesbitt, Adam Brown, Richard Armitage, Benedict Cumberbatch
Direção: Peter Jackson
Gênero: Aventura
Duração: 161 min
Estreia: 13 de Dezembro de 2013


Respeitando o compromisso de “pontualidade” para com nossos leitores, realizaremos uma breve análise do mais novo episódio da trilogia épica (para Peter Jackson pelo menos) “O Hobbit. A desolação de Smaug”.

Antes de tudo, devo informar  que não li o livro “O Hobbit” por inteiro. Assim sendo, deixo claro que minha análise não será completamente embasada em comparações entre a obra literária e a cinematográfica, mesmo porque ambas as mídias funcionam de formas distintas.

Tendo isto posto, devo confessar que não faço parte do grupo de pessoas (extenso por sinal)  que detestou este segundo episódio de “O Hobbit”. Mas deixe que eu me explique antes que você abandone este texto praguejando contra mim por ter tido a coragem de ter apreciado este filme (não por completo, admito).

Contém Spoilers:

“A Desoloção de Smaug” se inicia exatamente onde “Uma jornada Inesperada” encerrou. Gandalf, o Cinzento, e o grupo de Thorin, Escudo de carvalho, seguem jornada após serem salvos pelas Grandes Águias do ataque de Azog e seus orcs. Embora tenham conseguido temporária segurança, o bando ainda se encontra em situação de risco e precisam seguir viagem, rumo a Erebor e ao Dragão Smaug, guardião invasor da antiga cidade dos anões.

Mantendo a tradição de excelência visual já característico de suas obras no cinema, Peter Jackson nos presenteia novamente com sua visão da Terra Média, desde planícies e florestas com cores vivas e marcantes, como o caso de Mirkwood, até cenários inóspitos e macabros, tendo Dol Guldur como exemplo. Ainda me lembro do espanto que senti ao ver a fortaleza de Barad Dur e outras edificações em  “O Senhor dos Anéis”.  Quando a trilogia original acabou, me senti um pouco órfão, pois sabia que dificilmente veria estes cenários nas telonas novamente. Logo, é sempre uma experiência única ver estes locais fantásticos, pelo menos para este humilde fã de Tolkien que vos escreve. Por mais defeitos que este segundo episódio tenha (abordarei deles posteriormente), não posso deixar de admitir que a abordagem visual que Peter Jackson criou para estes cenários, (até o momento, inexplorados no cinema), contribuem e muito para todo o imaginário, visual pelo menos, do universo de Tolkien.

Outro destaque do filme é a caracterização de seus personagens. Como é de praxe, Ian McKellen encarna Gandalf com sua costumeira presença marcante, misturando em sua atuação a dualidade entre o poder do mago e seu olhar gentil. Martin Freeman  também é eficiente na concepção de seu Bilbo Bolseiro, mostrando as dúvidas do personagem em relação ao seu papel de ladrão no grupo dos anões (destaque para a cena onde Bilbo perde temporariamente o Um Anel).  O personagem mais marcante de todo o filme é Smaug, o vilão tem suas feições e voz baseadas no ator Benedict Cumberbatch (Khan, de "Star Trek. Além da escuridão"), que expressa a arrogância e  cobiça do dragão de forma impressionante. 

Entretanto, todavia, contudo, o filme possui algumas falhas, principalmente no que tange ao ritmo e consequentemente, duração. Em "O Senhor dos Anéis", Peter Jackson conseguiu a impressionante façanha de resumir a complexa trama desta trilogia, evitando abordar desnecessariamente aspectos que, embora no livro funcionem de forma interessante devido a riqueza de detalhes da escrita de Tokien , no filme iriam perder o ritmo. Assim Peter Jackson tomou decisões acertadas ao omitir detalhes essencialmente desnecessários para a película (vide Tom Bombadil e as Colinas Tumulares).

Já nesta nova trilogia "O Hobbit", Jackson peca ao querer realizar justamente o oposto que ele havia praticado em "O Senhor dos Anéis" ao inserir e estender elementos que não obrigatoriamente são fundamentais para o enredo, como a passagem onde o grupo se encontra com o homem-urso Beorn. Ademais o filme assume um ritmo lento, indo de encontro a narrativa prática e dinâmica do livro. 

Particularmente, o maior erro de Peter Jackson foi inventar diversas sub-tramas em uma história que já se tornava enfadonha. O exemplo mais gritante é o pseudo triângulo amoroso entre Legolas, Tauriel e o anão Kili, do qual a falta de expressividade na demonstração de sentimentos entre os personagens,  torna a relação artificial e não orgânica. O resultado de todas estas "novidades" soa ao final do filme como uma tentativa desesperada de agregar mais elementos narrativos a uma adaptação que desde seu episódio anterior, tem se apresentado arrastada.

Por fim, apesar dos "tropeços"  apresentados no filme, este ainda se mostra como uma aventura de espada e fantasia eficiente e nostálgico, principalmente por investir na direção de arte e em detalhes imagéticos (como a revelação de Sauron).

Segue o trailer:




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